Município localizado no litoral sul de Santa Catarina, cidade portuária e cercada por água como o nome Laguna evidencia, a comunidade local sempre construiu relações econômicas, culturais ou simbólicas com o mar.
A vila de Santo Antônio dos Anjos da Laguna (1682) está entre as povoações mais antigas de Santa Catarina e surgiu com o objetivo da coroa portuguesa de garantir a posse do território e explorar as riquezas. O local apresentava qualidades geográficas estratégicas como: ancoradouro natural, rios navegáveis; disponibilidade de água potável, planície protegida por morros circundantes. Disso foi instituído um porto de exportação dos bens da região, oriundos inicialmente da caça, da captura de pescados para alimentação e do aprisionamento de indígenas para escravização.
Por sua vocação marítima, Laguna mantém até hoje sua relação com o mar, seu território engloba muitas famílias que sobrevivem da economia pesqueira — seja por meio da pesca artesanal e/ou industrial. O município ocupa o 3º lugar no ranking de produção pesqueira de Santa Catarina, com ¼ dessa produção advinda da pesca artesanal.
Nesse contexto possui um feriado municipal no dia 02 de fevereiro, dedicado simultaneamente às divindades: Nossa Senhora dos Navegantes – da tradição do catolicismo – e Iemanjá – da tradição de matriz afro diaspórica -, marcando festividades repletas de ritos, saberes e tradições, com muitos dias de preparativos e celebrações.
No dia 02 de fevereiro, enquanto embarcações de diversos tipos e calados navegam no canal da barra em homenagem a Nossa Senhora dos Navegantes, outros habitantes realizam nas orlas das praias preparativos e/ou rituais que saúdam a orixá Iemanjá.
Em ambas as celebrações religiosas residem centenas de anos de história que recontam a criação da cidade, seu centro histórico, seu porto e sua cultura pesqueira, a diversidade religiosa de paisagens culturais e patrimônios imateriais que refletem a identidade cultural de Laguna.